INTERVALO

SÉRIE INSTINTO MOSTRA A VULNERABILIDADE DO SER HUMANO E PROVOCA REFLEXÃO

Faz quase um ano que eu comecei a fazer psicanálise, um tipo de terapia psicológica, que segundo a minha experiência, leva você a se questionar a respeito de seus medos e situações paralisadoras da vida. Não que outras psicoterapias não utilizem este método, porém, a psicanálise vai mais fundo ao encorajá-lo a fazer o diálogo interno. Bom, a despeito disso, já faz algum tempo que eu ando encantada pelas produções espanholas. Meu fascínio se voltou, especialmente, pelos filmes e séries com a participação do Mário Casas, um belíssimo ator espanhol, cujo o carisma seduz à primeira vista. Foi pesquisando sobre o seu trabalho, que eu achei um comentário de uma fã no YouTube, falando sobre a série Instinto e comparando-a ao filme 50 tons de cinza, erroneamente na minha opinião. Curiosa que sou, acessei o Prime na Amazon e fui assistir. A série é sem dúvida, muito mais interessante e gera muito mais impacto do que o filme sobre Christian Gray.

DIVULGAÇÃO SÉRIE INSTINTO, 2019

Instinto se propõe a falar sobre como o ser humano age em sua vida adulta diante de traumas vividos na infância. Se você pesquisar na internet, a maioria dos comentários sobre a série é dando ênfase no erotismo pesado e no fato que a série mostra sadomasoquismo. Entretanto, isto é apenas o pano de fundo que a Teresa Fernández-Valdés, criadora da história, usa para revelar quem é o protagonista Marco Mur (Mário Casas), um homem milionário, bem sucedido em tudo que faz, racional ao extremo, mas sem habilidade para se conectar afetivamente. Um homem que não consegue se conectar com as próprias emoções, nem as emoções de ninguém.

Nem mesmo consegue estabelecer uma conexão afetiva com o seu próprio irmão José (Oscar Casas), o qual nasceu com uma deficiência mental severa, que o impede de amadurecer. Ao longo dos episódios, Teresa convida o telespectador a conhecer intimamente a vida pessoal do protagonista, como quem sugere que observemos sessões de terapia. As tais “chocantes” cenas de sadomasoquismo, nada mais são do que as cenas fictícias de um clube privativo procurado por pessoas que desejam expressar as suas fantasias eróticas. Acho exagerado comentar sobre a série como se ela somente falasse sobre isso, como eu disse, essas cenas correspondem ao pano de fundo da história, não é o enfoque que a Teresa Fernández quis dar.

Enquanto assistia as cenas, eu fiquei encantada com a sensibilidade da direção, que optou por mostrar no clube de sexo com nudes dos atores e figurantes, sem torna-las agressivas ao telespectador: as cenas passavam rápido, a movimentação dos atores era quase sempre lenta, como uma dança não uma briga, os ruídos que se ouvia não eram gemidos de dor ou prazer, o som ouvido vinha da trilha sonora, que parecia ter sido escolhida a dedo para levar o público a pensar o que aquilo significava para o personagem central da história. Para mim, foi como assistir um belo quadro da renascença ganhar vida e se movimentar. Cada cena, uma obra de arte, feita não para chocar, mas para fazer o telespectador refletir sobre o impacto das suas próprias compulsões e o que isso significa em sua vida.

Talvez, você esteja pensando que eu tenho alguma coisa a ver com isso. Não, não tenho problemas com sexo. Para mim sexo é divertido, é prazeroso e um ato de extrema intimidade. Mas se você tem sensibilidade a este assunto, sugiro que não assista a série, pois ela é forte para quem vê o sexo como algo negativo em alguma instância da vida. Instinto é uma série que acima de tudo fala sobre a dor de ser humano, de lidar com a família de origem e os próprios conflitos internos. As compulsões são válvulas de escape, as quais escolhemos para aliviar a pressão interior, nisso pode estar envolvido: sexo, comida, bebida e todo tipo de entorpecente.

No olhar psicológico, as compulsões são a manifestação do cérebro de fugir daquilo que não consegue lidar. Já ouviu falar que “todo excesso sugere uma falta”? Pois é, é isso que a serie Instinto trata. Nos convida a pensar sobre como ainda lidamos com a dor de tudo aquilo que nos fere e não suportamos, de uma maneira instintiva para aliviar a dor. A série tem 8 episódios, ao final eu me senti envergonhada. Não sobre as cenas eróticas que eu vi, mas sobre o quanto tenho perdido em meus relacionamentos por julgar. O desfecho da história é forte e, sim, chocante. Mas ele só mostra a vulnerabilidade do ser.

Uma mulher com alma de escritora. Jornalista, produtora de conteúdo para web, freelance em comunicação interna e marketing digital.

9 Comentários

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